É preciso que todos adotem iniciativas que favoreçam a Educação no dia a dia, compartilhando responsabilidades
Um dos grandes temas da nossa pauta econômica é o necessário aumento da nossa capacidade de competir. A produtividade do trabalhador brasileiro diante de outros mercados é uma variável decisiva. Infelizmente, neste quesito, temos apresentado um desempenho decepcionante.
Para se ter uma ideia da nossa distância de competidores globais, o trabalhador norte americano, como exemplo, apresenta uma produtividade cinco vezes superior à do brasileiro. Mesmo em relação a nossos vizinhos, amargamos posições desfavoráveis, ficando atrás do Chile, Argentina e Uruguai, como mostram os dados da Conference Board, instituição de referência no assunto.
Embora não seja o único quesito a se considerar para o aumento da produtividade, a qualidade da Educação é ponto central. Em um mundo cada vez mais pautado pelo conhecimento e pela tecnologia, estão se saindo melhor em termos de produtividade as economias cujos trabalhadores receberam ao longo do tempo melhor formação educacional e preparo para enfrentar desafios crescentemente complexos na vida profissional.
A simples capacidade de interpretar corretamente textos e realizar operações matemáticas um pouco mais elaboradas pode fazer a diferença neste cenário. E, como sabemos, apesar dos progressos, esta é uma deficiência que ainda não conseguimos sanar, como revelam exames internacionais, como o PISA, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Para superar essas barreiras básicas, o Brasil precisa melhorar muito e garantir investimentos contínuos e eficazes na educação. A agenda é amplamente conhecida: qualificação e valorização dos docentes, revisão da grade curricular, ampliação do acesso à educação integral, aprimoramento da gestão com finalidade pedagógica e implantação de políticas efetivas na aproximação das famílias da vida escolar das crianças e jovens, entre outras iniciativas.
Mas se os governos precisam assumir esse desafio e ser mais eficientes nas transformações, a sociedade também deve aumentar seu protagonismo na tarefa de educar. E isso não se resume a fazer a necessária pressão política por melhorias no ensino público. É preciso, antes de mais nada, que todos passem a assumir atitudes que favoreçam a educação no dia a dia, compartilhando responsabilidades.
O movimento Todos Pela Educação, que é hoje um fórum essencial na reflexão sobre a educação brasileira, lançou acertadamente uma nova campanha. A iniciativa propõe cinco atitudes que todos devemos adotar em prol da educação: valorizar os professores, a aprendizagem e o conhecimento; promover as habilidades importantes para a vida e para a escola; colocar a educação escolar no dia a dia; apoiar o projeto de vida e o protagonismo dos alunos; e ampliar o repertório cultural e esportivo das crianças e dos jovens.
Gestos simples podem produzir efeitos extraordinários no longo prazo. Ler para uma criança, por exemplo, hábito pouco difundido no Brasil conforme revelou pesquisa de 2012 da Fundação Itaú Social, é uma das medidas que podem trazer benefícios relevantes para o aprendizado das crianças.
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*Antonio Matias é vice-presidente da Fundação Itaú Social.